quinta-feira, 10 de março de 2011

Escola lugar de compartilhar...

Se não amo o mundo, se não amo a vida, se
não amo os homens,
não me é possível o diálogo.

Não há, por outro lado, diálogo, se não há humildade.

A pronúncia do mundo, com que os homens o recriam
permanentemente, não pode ser um ato arrogante.

O diálogo, como um encontro dos homens para a
tarefa comum de saber agir, se rompe, se seus
pólos(ou um deles) perdem a humildade.

Como posso dialogar se alíneo a ignorância, isto é, se a vejo
sempre no outro,
nunca em mim?

Como posso dialogar, se me admiro como um homem
diferente, virtuoso por herança, diante dos outros,
meros "isto", em quem não reconheço outros eu?

Como posso dialogar, se me sinto participante de um gueto de
homens puros, donos da verdade e do saber, para quem todos
os que estão fora são "essa gente!, ou são "nativos inferiores"?

Cono posso dialogar, se parto de que a pronúncia do mundo
é tarefa de homens seletos e que a presença das massas na
história é sinal de sua deteriorização que devo evitar?

Como posso dialogar, se me fecho à contribuição dos outros, que
jamais reconheço, e até me sinto ofendido com ela?

Como posso dialogar se temo a superação e se, só em pensar nela,
sofro e definho?

(...) Se alguém não é capaz de sentir-se e saber-se
tão homem quanto os outros,
é que lhe falta ainda
muito que caminhar, para chegar ao lugar de encontro
com eles.
 Neste lugar de encontro, não há ignorantes absolutos,
nem sábios absolutos: há homens que, em comunhão, buscam saber mais."

Paulo Freire, 1987

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